Por Gustavo Corrêa, Gerente de Soluções em Conectividade do CPQD

O Open RAN, baseado em interfaces abertas, desagregação e softwarização, tem despertado o interesse de operadoras e empresas em busca de maior competição e flexibilidade. Ao adotar interfaces abertas além das estabelecidas pelo 3GPP, o Open RAN elimina o “lock-in” predominante em soluções verticalizadas, incentivando a competição entre fornecedores.

A desagregação, tanto vertical quanto horizontal, permite a separação entre hardware, software e módulos funcionais, possibilitando a customização de soluções para diferentes cenários de uso. Isso reduz as barreiras para novos fornecedores, impulsionando a inovação com um ecossistema mais diversificado.

A softwarização, por sua vez, traz benefícios através da automação e inteligência artificial na monitoração e gerência de redes, aumentando a agilidade na solução de problemas e implementação de melhorias.

Por seu potencial de inovação e inserção de novos fornecedores locais na cadeia logística de telecom mundial, muitos países têm feito investimentos robustos para o fortalecimento do ecossistema em Open RAN em seus territórios. EUA, Reino Unido, Alemanha, Índia, Japão são alguns desses casos, com investimentos que chegam a superar US$ 1 bilhão para iniciativas de PD&I, testes, integração e implantação. E no Brasil, iniciativas como o Programa OpenRAN@Brasil e o Centro de Competência Embrapii CPQD em Open RAN estão na vanguarda desta transformação da indústria.

Vantagens Econômicas

Estudos indicam uma redução significativa nos custos de capital (CAPEX) em torno de 40%, e nos custos operacionais (OPEX) em média 30%, comparado às redes tradicionais. Casos recentes no Japão e nos EUA destacam operações de redes nacionais com equipes reduzidas, demonstrando a eficiência do Open RAN.

Além das redes públicas, o Open RAN apresenta grande potencial para atender demandas por redes privativas, oferecendo flexibilidade de implantação customizada para diferentes verticais de mercado.

Redução de Custos

A redução do CAPEX no Open RAN advém da competição entre fornecedores e soluções customizadas para cada cenário de aplicação, evitando investimentos em funcionalidades desnecessárias. No que diz respeito ao OPEX, a automação e o uso de inteligência artificial na operação da rede desempenham papel fundamental na redução de custos operacionais.

Interoperabilidade e Flexibilidade

Diferentemente das soluções proprietárias, o Open RAN proporciona interoperabilidade e flexibilidade. Nas soluções tradicionais, a interoperabilidade é desafiadora devido às interfaces proprietárias, levando as operadoras a adquirirem equipamentos de um único fornecedor para garantir a viabilidade mínima entre células.

Com o Open RAN, a competição entre fornecedores é mantida, permitindo a integração de soluções tecnologicamente avançadas e mais atraentes em qualquer ponto da vida útil da rede. Isso não apenas protege a estratégia de investimento futuro, mas também viabiliza soluções adequadas para cenários específicos, beneficiando áreas de menor densidade populacional.

Em resumo, o Open RAN emerge como uma alternativa promissora, proporcionando não apenas eficiência econômica, mas também flexibilidade, inovação e competitividade para operadoras e empresas no dinâmico cenário das telecomunicações.