A Anatel divulgou os resultados do termo de execução descentralizada (TED) Open RAN no dia 1° de novembro. A equipe que conduziu os estudos no País concluiu que o modelo por aqui deve gerar valor agregado no mercado de telecomunicações, principalmente na produção de componentes e software. Para isso, foi destacada a necessidade de investimentos para estimular o Open RAN no Brasil, principalmente na formação de mão de obra qualificada.
“Sem capacitação desses profissionais, nós dificilmente teremos um protagonismo aqui no País com relação ao Open RAN”, disse o coordenador do projeto de pesquisa, Paulo Portella. Ele ainda falou sobre a importância de estimular a demanda por novos serviços, fomentando “ambientes de inovação e experimentação” para operadoras e fornecedores do setor.
Esse estímulo mencionado por Portella, no entanto, só seria possível buscando maneiras de aumentar a capacidade de captação de recursos. O TED foi firmado entre a agência reguladora e a Universidade de Brasília (UnB), por meio de um acordo assinado em novembro de 2021. 43 pessoas foram envolvidas diretamente no projeto, sendo 39 delas da equipe UnB.
Desafios do Open RAN
O primeiro desafio elencado foi sobre o custo e complexidade de integração do modelo, cujo padrão ainda se encontra em fase de evolução. Além disso, há a cadeia de suprimentos do setor que deve ser incentivada. Já a preocupação em relação ao desempenho foi mencionada com ressalvas pelo estudo: “Não que esse desafio seja um problema crônico das redes abertas, mas uma questão de maturidade”, explicou Portella.
Arcabouço jurídico
Tratou-se também do eixo regulatório com enfoque no arcabouço jurídico e institucional. No entendimento da equipe de pesquisadores, o movimento de desagregação de componentes e de virtualização de processos de comunicação já está em curso e é “inevitável”. Nesse sentido, o papel do regulador deve ser um “processo consciente e planejado”.
O processo descrito acima é baseado em três pilares-chave:
- Ação regulatória orientada por focos de atuação estratégica para influência no desempenho das próximas gerações de redes móveis;
- Na velocidade do regulador em responder à inovação por meio de simplificação regulatória, que prezaria pela responsividade e participação multisetorial;
- O acompanhamento próximo do desenvolvimento das redes Open RAN é combinado com experimentos regulatórios.
Com os pontos acima, o estudo propôs sugestões. Uma das principais diz respeito à construção de um marco legal ou regulamentar, cujo objetivo seria fomentar o 5G e o Open RAN, com ênfase em redes de pesquisa e centros dedicados.
Segurança e Open RAN
O estudo concluiu ainda que a superfície de ataque do Open RAN é maior que nas arquiteturas RAN proprietárias. Isso ocorre principalmente devido às interfaces abertas. Além disso, muitas das vulnerabilidades observadas têm forte intersecção com a arquitetura do 5G.
Ainda assim, os pesquisadores disseram que a grande diversidade de requisitos das redes da quinta geração de redes móveis devem impulsionar essa desagregação. Com isso, espera-se fomentar inovação, levando a sistemas mais seguros – independentemente da arquitetura a ser adotada.
O relatório lembrou ainda as conclusões de órgãos de governo e membros da indústria no mundo, que dizem que a abordagem Open RAN aumenta a superfície de ataque em comparação com as implementações de RAN tradicionais, embora em pequeno grau. Entre as ameaças e vulnerabilidades elencadas estão risco de espionagem, ataques DDoS, preocupações com a privacidade na comunicação P2P e falsificação de dados de detecção de espectro.
Economia
Os principais setores beneficiados com o Open RAN no Brasil são: agronegócio; cidades inteligentes; tecnologia, mídia e telecom; energia e gás; utilidades; transporte e logística; e manufatura. Os ganhos econômicos estão relacionados à implementação de redes privativas. Isso porque vislumbra-se a capacidade de melhorar a automação para a indústria 4.0. Além disso, falou-se ainda sobre o acesso à Internet privada em áreas remotas do Brasil.
Reprodução de matéria originalmente publicada no site Teletime.
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