A Diretora de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da RNP, Iara Machado, apresentou o programa OpenRAN@Brasil no Seminário Open Networks, realizado no dia 9/8 pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e a Embaixada do Japão no Brasil.  

O evento teve como objetivo principal a troca de experiências e o fomento ao debate sobre as necessidades da indústria para uma rede aberta que atenda as expectativas de um ambiente interoperável e seguro. A diretora participou da sessão “O ecossistema open network: o caminho para o crescimento e a sustentabilidade” e falou sobre o status do programa.

“Na fase 1, buscamos montar uma rede multidomínio, com diversos componentes, criar o ambiente, envolvendo a RNP, o CPQD e a comunidade acadêmica com UFRGS, Unicamp, UFF, UFPA e UFRJ. A premissa dos testbeds é o uso de equipamentos e sistemas abertos, com novos paradigmas de softwarização, virtualização e desagregação, além de orquestação de múltiplos domínios tecnológicos para oferecer uma rede Open RAN 5G, entre outros”, disse Iara Machado.  

Ainda nessa fase, o programa conseguiu o licenciamento do Espetro 5G junto à Anatel em Campinas para conduzir experimentos práticos, testes de viabilidade e pesquisas científicas. A expectativa é que o próximo ponto seja no Rio de Janeiro. “A partir desse licenciamento, vamos conseguir entender melhor o desempenho do 5G nesses vários cenários, e com isso, impulsionar essas pesquisas”, informou a diretora de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da RNP.  

Também foi informado o status  do projeto do testbed. Os equipamentos da RAN, já recebidos, estão em processo de validação e implantação e teve sua primeira demonstração pública no evento WRNP 2023. O próximo passo será a conclusão da montagem do testbed com a chegada dos equipamentos que estão em fase de aquisição, como as antenas outdoor.  

“O Open RAN tem o potencial de impulsionar uma série de avanços e aplicações inovadoras nas redes de comunicação e que através dessa flexibilidade e interoperabilidade oferecida por ele, surjam novos serviços e modelos de negócios que ainda não estamos conseguindo visualizar, pois é novo e disruptivo. E isso impulsiona a transformação digital e possibilita um futuro mais aberto, inclusivo e eficiente”, concluiu Iara Machado.  

O gerente de Soluções de Conectividade do CPQD, Gustavo Correa Lima, participou de uma das sessões do seminário, que abordou o tema “Oportunidades e desafios para a adoção das redes abertas nas próximas gerações de rede”. Em sua apresentação, Gustavo falou sobre o conceito e características das redes abertas e destacou, entre os desafios para o seu desenvolvimento, questões relacionadas à padronização, interpretação de normas e validação de interoperabilidade, à segurança cibernética e à capacitação em novos paradigmas tecnológicos. “Quanto às oportunidades nas futuras redes, estão na adoção cada vez maior de Inteligência Artificial (IA) e machine learning para redução de custos operacionais, no ecossistema mais robusto, com especialização de fornecedores, favorecendo a inovação, no uso de metodologias ágeis na operação e na maior sinergia entre aplicações e provisionamento de recursos da rede”, enfatizou.

Gustavo também lembrou os projetos estruturantes em Open RAN/5G dos quais o CPQD participa – entre eles, o projeto Plataforma 5G BR, desenvolvido com o apoio do FUNTTEL (Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações), e o Programa OpenRAN@Brasil, conduzido em parceria com a RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa). E destacou a escolha do CPQD como Centro de Competência Embrapii em Open RAN, detalhando seus quatro pilares: competência técnica em PD&I, formação e capacitação de recursos humanos, associação tecnológica e atração e criação de startups.

Em outra sessão do seminário, o presidente Sebastião Sahão Júnior participou de mesa redonda sobre o tema O ecossistema open network: o caminho para o crescimento e a sustentabilidade. Ele ressaltou que, desde 2018, o CPQD vem trabalhando no conceito de redes abertas e desagregadas e que hoje possui um laboratório experimental, com soluções de fornecedores distintos, no qual vêm sendo realizados estudos com foco em fatores importantes como a interoperabilidade e a eficiência energética dos equipamentos, a princípio em redes privativas.

“A tecnologia Open RAN vai revolucionar as redes que, com a adição de Inteligência Artificial, ganham a capacidade de autoconfiguração, de customização e de identificação de suas falhas ou problemas”, afirmou o presidente do CPQD. “Além dos ganhos frente às redes atuais, o Open RAN abre oportunidades para novos players, estimulando a criação de um ecossistema nessa área incluindo a participação de startups”, acrescentou. O presidente também ressaltou o papel do CPQD como novo Centro de Competência Embrapii em Open RAN, lembrando que a escolha da organização é resultado do trabalho desenvolvido ao longo dos últimos anos envolvendo redes abertas – e de sua participação em várias associações internacionais nessa área. “Estamos oferecendo nossa infraestrutura para garantir a interoperabilidade essencial para o sucesso do desenvolvimento do Open RAN, concluiu.

No local, havia um espaço com demonstrações do OpenRAN@Brasil utilizando um setup da plataforma de experimentação. Essa foi a segunda demonstração pública da solução. 

O evento pautou a necessidade de desenvolvimento de novas tecnologias baseadas em redes abertas para o desenvolvimento da indústria, inserindo a pauta na agenda de políticas públicas e regulação do setor de telecomunicações do Brasil, e engajar stakeholders da indústria, provedores de conectividade, tomadores de decisão e técnicos do Governo Federal na discussão de incentivos e de parcerias para a promoção do conceito de redes abertas e para indução do desenvolvimento desse mercado.  

*Com informações do CNPQ e MCTI.